O sonho que te vou contar aconteceu inúmeras vezes. Sempre exatamente igual, começando e acabando na mesma cena, durante anos. Havia períodos em que sonhava durava meses seguidos pelo menos 1x por semana, e depois desaparecia por uns tempos.
Eu sabia que estava a sonhar. Sonhei-o tantas vezes que apesar da aflição existir sempre, passou a ser atenuada pelo facto de saber que ia acordar eventualmente.
Era de noite e eu estava num rio que à semelhança de tudo o resto tinha uma forma geométrica perfeitamente desenhada. O rio era retangular e movia-se a grande velocidade para a frente. As árvores da linha da frente, que era a única que se via na margem porque tudo o resto para trás era escuro absoluto, eram todas iguais, retângulos no tronco e quadrados na folhagem. E estavam pelo que me parecia, separadas pela exata mesma distância. A lua, que iluminava tudo aquilo que eu podia ver, era a única forma familiar. Tudo o resto me separava da natureza que eu conhecia e gostava tanto.
Eu estava dentro do rio, tentando contrariar a corrente fortíssima que me levava para a frente. As bermas do rio não me permitiam escalar por serem tão íngremes e perfeitamente lisas. A única coisa que adiantava em debater-me para sair dali, era em fazer aparecer os cadáveres meio decompostos, que me tocavam e apareciam de repente a centímetros da minha cara, com todas as piores expressões de terror com que um ser humano pode morrer.
O rio seguia e a certa altura aproximava-se um abismo de 90º em que tudo caía. Nos meus sonhos eu nunca chegava ao abismo porque acordava antes com a aflição.
Certo dia, não sei quando, sei que era uma jovem adulta já, não senti tanto medo e deixei-me ir. Tudo caiu e eu também. Enquanto caía o sonho terminou.
Nesse dia ganhei controle sobre o que fazer, sobre as minhas emoções. Antes deste dia sabia que estava a sonhar, mas não conseguia tomar decisões diferentes. Neste dia eu decidi não me mexer. Honestamente, quis mais conscientemente que nunca perceber o que estava lá à frente e deixei-me levar pela curiosidade, pela corrente do rio, que desta vez estava bem menos agressiva. Os mortos também já não apareceram tanto. Foi tudo mais calmo, menos assustador.
Sonhei-o mais algumas vezes e sempre fiz o mesmo a partir daí, não me mexia. E, num belo dia sonhei-o pela última vez. Há mais de 10 anos, seguramente, que não o sonho.
Fluir não é fácil. Há terrores e barreiras por todo o lado à espera da nossa permissão para poderem agir.
Por mais horrível que pareça às vezes, o caminho de menor resistência; o caminho da quietude, da aceitação, de curiosidade sobre o que é que me está a querer ser mostrado já ali adiante; é o caminho mais fácil. Porque é isso que estamos a ser/dar, então é isso que nos é devolvido. Facilidade, fluidez. A forma como agimos é igual ao que recebemos, eventualmente.
É um teste. É só um teste para te mostrar a quantidade de inquietude que tens dentro de ti, ainda. Assim podes ver e transformar /curar. E no próximo teste, já consegues lembrar que não é preciso lutar, piora.
Em vez disso vou ser curiosa porque há um propósito aqui. Quanto mais assustador for, mais importante será o prémio. Neste caso, e acredito que subjacente a todos, o prémio é a consciência da força que és. Do tamanho da ilusão que consegues vencer. Do autocontrole que ganhas, de olhar o terror que te sorri, e em retorno fechar os teus olhos e descansar em confiança.
É um desafio à tua altura, não achas?
Se há algo que tu almejas e te parece impossível de alcançar agora, porque o barulho é muito, os riscos outros tantos, as pessoas à tua volta a esbracejar, lembra-te que é só uma ilusão de caos. Se não entrares no jogo, ele não pode acontecer.
Lembra-te que os terrores deste mundo não te podem reclamar se tu não aceitares dançar.
(Se queres sonhar mais, declara até acontecer e todas as noites, antes de adormecer, que vais sonhar hoje. O meu conselho é que peças para sonhar com o que quer que seja mais importante perceberes agora, mas tens mais controle sobre o que sonhas do que pensas. Podes pedir claridade sobre alguma situação específica. Sonhar, meditar, praticar hipnose são formas de ouvir e ver aquilo que podemos transformar a nosso favor. As nossas emoções indicam o caminho.)
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Cláudia Roque
Psicoterapeuta / Hipnoterapeuta
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Hipnoterapia e Meditação