Tira alguns minutos para estar sem seres interrompido. Sem forçar nenhuma resposta, conecta-te com o teu corpo e observa. Quando estamos num estado meditativo, estamos despreocupados porque apenas estamos a observar. E é justamente esta atitude de não ter que chegar a lugar nenhum, que nos faz encontrar diferentes perspetivas.
Existem padrões que se repetem nas nossas vidas. Como podemos vê-los?
Já falei sobre isso algumas vezes, mas hoje cheguei a um entendimento mais claro e tangível e quero partilhar esta pequena história contigo.
Durante estes dias recebi um telefonema de uma amiga, e à medida que ela me contava mais detalhes sobre uma determinada situação desconfortável que lhe estava a acontecer, fui-me dando conta que voluntariamente estava a dar a minha opinião, coisa que faço muito pouco já.
Mais tarde naquele dia, durante a meditação, esse momento de conversa aparece e notei que observo o meu corpo projetando-se para a frente quando falei; Vejo a vontade de sugestionar e a agitação, que de forma sutil mas muito presente, mostrava a necessidade de controlar a sua decisão, para que aquela situação terminasse ou mudasse drasticamente o mais rápido possível. Claro, considerando o que eu acho que é melhor para a minha amiga, mas estranhamente como se eu estivesse farta daquela situação sem sequer conhecer as pessoas de quem ela falava.
E enquanto estou ali a observar aquilo, percebi que o provável motivo da minha indignação era porque eu também me estava a sentir magoada com aquilo. Mas porquê?
Quando aceitei que era dor o que estava a sentir por mais injustificável que fosse, surgiu-me outra lembrança de um momento muito difícil para mim, que aconteceu há muitos anos atrás. Relembrar aquela velha memória, voltar àquele momento que me custou tanto passar, de repente fez-me pensar naquela menina (eu) com admiração. Por tudo que ela suportou sozinha tão jovem.
Isto transformou, tanto a importãncia que eu dava ao momento, como a opinião que eu tinha de mim mesma. Deu-me uma nova compreensão. Passou de ser uma situação que me tirava poder para uma que me dá, só porque a olhei com a experiência e conhecimento de vida que tenho hoje.
“Há tantas coisas na vida humana que devemos considerar não como aprendizagem traumática, mas como aprendizagem incompleta, aprendizagem inacabada.”
Milton Erikson
E embora os detalhes das 2 histórias fossem naturalmente diferentes, foi-me mostrada uma parte de mim que ainda estava a doer, através da história da minha amiga. E percebi que essa dor que eu carregava, apesar de ser algo invisível à minha memória acessível, era algo que ainda contribuia para a manifestação de minhas experiências de vida.
Não é por acaso que em um universo de possibilidades tu está nesta página comigo, a ler este artigo. Também não foi por acaso que me magoou ouvir aquela história. Era meu para ver, para entender.
Seja qual for o momento da tua vida, meditação é ouvir o mapa do teu coração. Tudo o que tu desejas, és, precisas olhar e curar, compreender, está acessível a ti.
E com certeza, meditar não significa necessariamente esvaziar a mente. Simplesmente porque não inclui impor nada a ti mesm@, pelo contrário, deixa o que está por vir, vir. Mesmo que seja diferente do que tu tinhas inicialmente em mente. Aceite e ouve. Vais ser levado onde deves ir primeiro. E se for à confusão, vai à confusão. Precisa ser vista. Progresso está a ser feito!
Livre viagem alma amada
Cláudia Roque